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    Há inúmeros conceitos e definições da palavra “cortiço” e de sua origem. Para o Minidicionário da Língua Portuguesa (BUENO, 2000): “Cortiço, s.m. Caixa em que as abelhas se criam e fabricam o mel e a cera; a casa de cômodos onde moram muitas famílias. Cor. ti. ço”. Ou seja, o cortiço está sempre associado à ideia de um lugar em que muitos indivíduos coabitam, convivem.

    Estima-se que a partir de 1870 surgiram os primeiros cortiços nos bairros centrais da cidade, localizados entre a Sé e a Santa Ifigênia, erguidos a partir das antigas chácaras da elite cafeeira, denominado como Campos Elíseos. Para sua construção não havia necessidade de terrenos grandes, seu material era de má qualidade, sem iluminação e escassa ventilação, e nenhum saneamento, em razão de não existirem políticas públicas sanitaristas. 

imagem de cortiço do livro a construção do habitat moderno no brasil.png

    As tipologias de cortiço, em geral, excetuando-se a casa de cômodos (logo a seguir, explicam-se as várias modalidades de cortiços), apresentavam três ambientes – sala, quarto e cozinha – que, segundo Correia (2004, p. 7), abrigavam famílias compostas de dez ou mais membros de forma desconfortável, além de pé direito sem altura mínima e metragens quadradas insuficientes. De acordo com Bonduki (1998, p. 23 a 25), entre as várias modalidades, existiram:

•Cortiço de Quintal: constituído de casas enfileiradas no entorno do quarteirão, formando uma espécie de quintal entre eles. As suas portas e janelas eram voltadas a essa área livre, integrado com a rua por meio de um portão na lateral entre as habitações mais favorecidas. Em relação a planta arquitetônica cada unidade possuía em torno de três metros de largura, cinco a seis metros de comprimento e seu pé direito de três a três metros e meio, com uma capacidade para no máximo quatro pessoas.

•Cortiço “Casinha”: eram habitações pequenas, precárias e sem saneamento básico. Sua fachada é voltada para a rua com uma área no fundo exposta ao esgoto. A latrina encontrava-se junto ao cômodo de dormir. 

•Casa de Cômodo: são prédios de sobrados antigos transformados em cortiços através da subdivisão de seus cômodos. Alguns ambientes se tornaram comuns aos moradores como: a cozinha e o banheiro. As latrinas eram instaladas inadequadamente. Os ambientes não possuíam iluminação suficiente.

Cortiço no Brás, em São Paulo. Fonte: livro A construção do habitat moderno no Brasil - Autora: Telma Correia

•Cortiços improvisados: pequenas habitações precárias feitas com tábuas de madeira. A maioria desses cortiços teve uma fiscalização rigorosa, sendo muitas delas, posteriormente, demolidas pelas operações higienistas do Estado devido às suas condições.

•Hotel-cortiço: essa tipologia apresentava uma área comercial no térreo e, geralmente, um restaurante. Nos demais andares localizavam-se os dormitórios ocupados por trabalhadores sem família. Esses dormitórios eram pequenos e comuns. Sua planta arquitetônica possuía dois metros e meio de largura por três metros de comprimento.

    Esse tipo de habitação está vinculado à moradia da classe pobre, sendo um propulsor de moradias de aluguel, em que sua reprodução pode ser explicada pela alta procura, ocasionada pela impossibilidade de os trabalhadores conseguirem obter terrenos, cujos preços eram altíssimos. A alta demanda, despertou o interesse do empreendedor, que passou a investir nesse tipo de moradia, barato, e altamente lucrativo. 

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