As tipologias arquitetônicas da vila podem ser divididas em quatro grupos: os edifícios comunitários que possuíam estilos ecléticos, em moldes ingleses; os quarteirões residenciais com elementos art decô; os chalés ecléticos, que ocupavam a extensão de uma das ruas; e a capela neogótica, construída em estilo gótico (MAGNANI, 1978, p. 3). O sistema construtivo adotado em toda a vila foi a alvenaria de tijolos ingleses, revestida com cimento e pó de pedra, com cobertura de telha cerâmica em algumas das edificações, e de pedra de ardósia com banho de amianto, em outras.
RESIDÊNCIAS
As habitações eram divididas entre as famílias dos trabalhadores, e todos os membros deveriam desempenhar algum papel na fábrica, fossem homens, mulheres ou crianças (MORANGUEIRA, 2006, p. 82). O tamanho da residência era designado de acordo com a quantidade de trabalhadores da casa e o aluguel era descontado diretamente de seus salários (FRANGELLO, ALMEIDA, 2018, p. 74).
Já eram entregues com infraestrutura como: água encanada, energia elétrica e calçamento, sendo que somente a energia elétrica era cobrada diretamente do morador. Foram erguidas 200 residências de dois a quatro dormitórios que variavam entre 75 e 110 metros quadrados, sendo separadas em seis tipologias conhecidas e duas desconhecidas.
Caracterizam-se por serem amplas e arejadas, contrastando com os cortiços, pois seguiam o Código de Postura do Município de São Paulo de 1886, sendo as áreas úmidas e de serviço privativas para cada família. Seguindo as definições do código, possuíam um pé direito de quatro metros com grandes janelas em todos os cômodos para ventilação e iluminação (FAQUINETTI, HENRIQUE, DOMINGUES, RODRIGUES, 2016, p. 13)
O sistema construtivo dessas casas térreas e geminadas era a alvenaria de tijolos revestida com cimento e pó de pedra, recebendo pintura em cal, pois o branco representava higiene. As coberturas eram feitas de telhas planas de cimento amianto inglesas recortadas nas dimensões usuais da telha de ardósia.
Essas casas caracterizam-se por uma ornamentação simples, composta pelas cimalhas salientes no topo das platibandas e faixas horizontais na medianeira das janelas, tendendo ao art decô.
Os quarteirões residenciais com as tipologias de A a C são pertencentes à arquitetura com tendências art decô. Esta possui, segundo Correia (2008), um programa com simetria, hierarquia espacial enfatizando a disposição da volumetria, axialidade e organização e repartição das fachadas com base no corpo e coroamento.
Os recursos que integram esse programa são encontrados em adornos que dispõem de algumas formas podendo ser geométricas, linhas retas, em ziguezague ou em espirais. Os vãos surgem retangulares ou circulares.
Mapa de localização dos modelos das residências na Vila.
Nos quarteirões, as casas dispostas em renque, possuem as fachadas voltadas para as ruas principais, sendo que nenhuma porta se abre para as travessas, apenas algumas janelas laterais nas casas de esquina. A implantação no lote variava: algumas possuem pequeno recuo frontal, onde existiram pequenos jardins; outras se alinham ao meio fio.
A maior parte dos modelos são unidades geminadas que formam um bloco único na quadra, ou seja, Magnani (1978, p. 4). afirma que a “unidade” é o quarteirão e não as casas isoladas. Os chalés, localizados na rua 6 são exceções a esse conceito, pois são consideradas unidades independentes, porém justapostas.
EDIFÍCIOS COMUNITÁRIOS
Os edifícios comunitários foram projetados para fornecer serviços básicos aos moradores, evitando saídas desnecessárias. Se localizavam em áreas privilegiadas, próximas aos jardins e acessos principais, como também próximos à fábrica. O mapa de levantamento desses edifícios foi gerado por meio de referências bibliográficas e iconográficas (mapas do IPHAN e do CONDEPHAAT)

Esse tipo de arquitetura foi muito utilizada nos conjuntos industriais, o que também se explica pelo barateamento dos custos de construção decorrente da simplificação dos seus adornos. Dessa forma, a simplicidade da construção é uma das principais características presente nas fachadas das cinco tipologias residenciais da vila, apenas com elementos clássicos como frontões e platibandas.

Tijolos ingleses com a chave da residência. Fonte: https://www.flickr.com/photos/chegadedemolirsp/4538698026/in/photolist-7V51Nf-GhhFfr-7V4PoA-7V1D6F-7V1Arr-6E7XD6-69fK4M-6dG2hp-bRGv8D-65pzeG-6Ec7uN-69HcBy-x819t8-7V1Mex-GhhFKz-FY259b-FsFccs-FsRHkT-9EVFRD-6E7YAa-8aKKaF-FsREc8-kbPFU8-Rzidj8-7V1LAe-GkQt2m-FsFa2q-BbJus-ezcA2-7j1fvB-bDKKno-x815Jp-FsRMuV-Go8pg8-GeYc3d-Go8nHD-FsRLHV-GkQoef-v19GKV-7V51tU-znaepG-7V1Nk6-SzvbfL-7V4YPm-7V4YDG-7V4Ssm-GkQwjd-7V53yu-FsFgQf-GhhFv6
O arquiteto Paul Pedraurrieux era conhecido como o “rei da simetria” e, consequentemente, instituiu esse padrão na vila. Essas simetrias podem ser percebidas tanto na volumetria, quanto no ritmo de aberturas e elementos decorativos. O projeto privilegiou o sistema construtivo simples, em que predomina a ortogonalidade e a regularidade, e os mesmos materiais utilizados nas residências, como tijolo cerâmico, cimento, cal e areia (Rizzi, Valdívia, Forcellini, 2019, p. 52-53).
A diferença desses edifícios em relação às residências foi a mistura de madeira (pinho-de-Riga), mármore (Carrara) e granito com materiais que atendiam a modernidade e a higiene da época. As estruturas metálicas, mencionadas anteriormente, e as cerâmicas, principalmente ladrilhos, provinham da França (MAGNANI, 1978, p. 4).
A estrutura desses edifícios era distribuída em: duas escolas (uma de meninos e outra de meninas); jardim de infância; creche; capela de São José; um armazém; um clube social com restaurante, salão, barbearia; farmácia e, por fim, um edifício contendo o consultório médico, quitanda, açougue e padaria. Os valores dos serviços utilizados eram descontados nos salários dos operários (MORANGUEIRA, 2006, p. 85).
Mapa de localização dos modelos dos edifícios na Vila.

Somente nos chalés foi utilizada a telha de “Marselha” (Magnani, 1978, p. 4). Possuíam também madeiras nos assoalhos, portas, janelas com vergas retas de madeira maciça de pinho-de-Riga. . O piso da cozinha era revestido por ladrilho hidráulico. (FAQUINETTI, HENRIQUE, DOMINGUES, RODRIGUES, 2016, p. 13).